Quando criança, sua família mudou-se para São Paulo em busca de oportunidades melhores de trabalho, morando a princípio em Mauá, cidade da região metropolitana de São Paulo. Mas em 1980, a família retornou para Minas Gerais devido a uma crise, mas assim que seus irmãos mais velhos que continuaram em São Paulo conseguiram se restabelecer, trouxeram Francisco de volta para terminar seus estudos. Seu primeiro emprego foi na Alcaz. Por um amigo, soube de uma vaga na secretaria técnica do IMES e depois de ingressar no IMES, por influência do mesmo amigo, prestou vestibular em outra universidade para o curso de Administração de empresas. Um ano depois transferiu-se para o IMES, onde se graduou. Após promoções e o concurso obrigatório, hoje (2018) trabalha no setor de compras, na área de licitações da USCS. |
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Pergunta:
Bom Francisco eu queria que você começasse falando seu nome completo local e data de nascimento.
Resposta:
Francisco de Fátima Barbosa, data de nascimento 14 do seis de 67.
Pergunta:
Onde você nasceu?
Resposta:
Eu nasci em Ubá, Minas Gerais.
Pergunta:
Minas Gerais!
Resposta:
Sou mineirinho.
Pergunta:
Mineiro.... Bom Francisco, para começar eu queria que você falasse um pouco das lembranças que você tem ainda da sua família, ainda da primeira infância. Não sei se ainda em Minas né, falando um pouquinho como foi vir de Minas para São Paulo, fala um pouquinho o que aparece agora, surge agora na sua memória.
Pergunta:
Ah, bom o que surge, é... a gente foi criado no interior né. Eu nasci numa grota digamos assim, na roça então a gente... eu me recordo vagamente de algumas coisas que aconteceram, a gente andava de carro de boi, charrete então o meu avô sempre vinha nos buscar para ir para casa dele passar no final de semana, toda aquela coisa bonita que a gente guarda para sempre isso né. Isso é importante.
Pergunta:
E como que foi essa vinda para São Paulo? Você veio para cá com quantos anos ?
Resposta:
Eu vim para São Paulo eu tinha sete anos (...) sete anos, 1975.
Pergunta:
Bom, eu queria falar um pouquinho então ainda dessas lembranças aí até você completar sete anos. Você tinha toda uma vida do campo né, como era casa, quem morava com você na casa, fala um pouco do núcleo familiar.
Resposta:
É, a gente morava num vilarejo né... e o meu avô, ele morava na roça. Então [tosse] o que eu me recordo é que ele sempre vinha buscar a gente para passar final de semana na casa dele, e a gente gostava muito de doce, eu e minha irmã, a minha irmã mais nova que na época tinha quatro anos.
Então a gente (...) a gente chegava e (...) aí ele chegava pra Zulmira né, minha vó e falava assim: "ôh Zulmira, vai fazê doce pros menino porque eles cantaram a música." Aquela música do Valdic Soriano, Coração Vagabundo: "Coração vagabundo (...)" E meu avô gostava de escutar essa música eu não sei porque mas fica a lembrança disso, então toda vez que a gente ia lá ele pedia pra gente cantar essa música para ele, e aí a gente terminava de cantar e ele falava assim "O que que vocês querem ?" "Ah! Ah vô nós queremos arroz doce de rapadura" adoçava com rapadura. Então a gente (...) a gente fazia esse gosto para ele, éramos criança, inocente, a gente tem essa recordação muito... eu tenho essa recordação de coisas muito bonitas do meu avô na época, porque ele era uma pessoa muito carinhosa, muito (...) vaidosa, inclusive teve até um caso [tosse] que minha avó contava, que naquela época tinha os ciganos né. Ciganos vinham e montavam acampamentos no sítio dele; Ele foi comprar um tacho, aí o cigano vinha fazer propaganda: "Ah, então você pode comprar esse tacho aqui que esse tacho (...) " aí eles falavam os preços né: "Ah, esse tacho me aguenta ?" meu avô pegou o tacho e falou: "Vamo ver se e ele me aguenta mesmo" pegou e (...) subiu em cima do tacho e deu um pulo no tacho aí o tacho amassou, e falou assim: "É melhor o senhor arrumar outro tacho porque esse aqui já era, não é tão forte igual o você falou" [risos]. Então são recordações que eu tenho, a gente andava muito a cavalo né... sempre aquela coisa de infância né e aquela coisa bonita (...) então essas coisas que eu guardo da minha terra da minha infância das coisas bonitas, a gente sempre foi uma família muito humilde mas nem por causa disso [5'] a gente deixou de ser alegre de ser feliz de ter (...) a presença do meu avô enquanto ele era vivo, perto da gente.
Pergunta:
E como foi essa decisão da família deixar o estado, vir para São Paulo ? Mesmo sendo criança você se recorda ali de como isso aconteceu ?
Resposta:
É então, o meu tio já morava aqui em São Paulo né; e o meu pai, ele foi para Minas, passear: "Não você tem que tentar a sorte" porque naquela época a nossa inflação era uma inflação muito baixa, em São Paulo tinha emprego, a indústria automobilística estava (...) naquela época estava começando então tinha muito emprego para todo mundo (...) entendeu então meu tio falou "Você tem que ir para São Paulo, para você tentar dar um futuro melhor para os seus filhos, não sei, tentar a sorte né... ". Aí meu pai veio (...) veio com meus irmãos, meus irmãos eram todos jovens, tinham 20, 20 e poucos anos. Ele veio, conseguiu emprego para todos, aí (...) em 1975 ele veio nos buscar. A gente morou uma época na casa do meu tio até a gente se estabilizar, conseguir uma casa, conseguir uma casa de aluguel para gente morar, e aí a gente acabou ficando.
Pergunta:
Onde que era essa primeira casa do seu tio que vocês (...)
Resposta:
Lá em Mauá.
Pergunta:
Em Mauá?
Resposta:
Em Mauá mesmo.
Pergunta:
E, para você com sete anos né, que você veio para cá, como foi essa adaptação, quer dizer...?
Resposta:
Não, a gente chegou em São Paulo, a minha mãe era uma pessoa muito humilde, chegamos em São Paulo e a gente não estava acostumado com a terra da garoa né, a gente chegou aqui [olhando para os lados] garoa para todo o lado, a gente não estava acostumado com aquilo; Porque São Paulo sempre foi chamado de a terra da garoa antigamente, porque chegava de manhã era aquela neblina aqui no centro de São Paulo... entendeu, e tudo muito novo uma cidade grande do porte de São Paulo. Então nós chegamos (...) aí apareceu, naquela época não tinha os chamados taxistas, existiam muitas lotações, o cara chegava em você, chegava em você vendo que você chegou de viagem: "Ah, você quer que eu levo você, eu cobro tanto" não é hoje a coisa mais organizada igual é hoje, então a minha mãe ficou assustada!: "Quem é esse homem? Eu não conheço ele! Como é que a gente vai... " Ainda mais... cheio de crianças, meu pai, eu e minha irmã, minha irmã tinha quatro eu tinha sete anos, mas a gente (...) estávamos com meu pai na época, aí a gente pegou e: "Ah está bom vamos! " pegamos uma perua grande, velha na época e viemos de São Paulo até Mauá, _____ chegamos e aí o cara nos atendeu muito bem, era simplesmente um (...) um prestador de serviço que estava querendo prestar um bom serviço, e foi isso que aconteceu mas correu tudo bem e minha mãe falou "ah, graças a Deus estamos em casa".
Pergunta:
Você lembrou de algumas histórias ligadas a Ubá né, a sua infância lá em Minas, e em Mauá? O que você se recorda deste primeiro momento em Mauá ?
Resposta:
Neste primeiro momento a gente era jovem naquela época a gente (...) a gente brincava muito na rua né, era amarelinha, era jogando bola então a gente jogava bola até 11 horas da noite que não tinha (...) não tinha esse caráter de violência que se tem hoje né, nós tínhamos uma polícia mais enérgica é (...) na época era o militarismo que tinha então, as pessoas que andavam naquela época na rua, se fosse alguma coisa eram autuados pelos policiais, então não tinha essa época de (...) não tinha essa violência que tem hoje que hoje a gente não pode deixar nossos filhos na rua brincando porque é perigoso ser sequestrado então existe toda uma superproteção para não acontecer isso, naquela época era muito, era uma coisa mais liberal entendeu, a gente tinha uma liberdade maior digamos assim, a gente tinha liberdade de andar uns 500 metros, ir jogar bola na quadra, ficar até 11 horas jogando bola que hoje a gente não vê mais isso né. Hoje não se vê mais isso nas ruas! Falo assim acabou não existe mais isso, jogar fubeca entendeu, jogava fubeca meu de noite ali [10'], sem nenhuma preocupação.
Pergunta:
Explica o que é fubeca?
Resposta:
Fubeca? Fubeca eram aquelas bolinhas de gude né. Aliás eu era muito bom na bolinha de gude, assim eu sempre saia de casa com três, quatro porque mineiro você já viu né... mão de vaca, você sai só com três ou quatro e chegava e aquele monte de fubeca na mão né, eu tive latas e latas de bolinhas de gude. Entendeu, essa foi a minha infância.
Pergunta:
E foi fácil fazer o ciclo de amizades novo aqui com essa chegada?
Resposta:
Foi, foi, foi. É porque o lugar que a gente foi, a gente por ser muito humildes, quando eu digo humilde é porque a gente vem de um lugar, de um vilarejo e veio para uma cidade grande totalmente diferente, então a gente foi muito bem recepcionado em São Paulo entendeu, e tinha uma vizinha, a minha mãe sempre foi muito faladeira ela gostava muito de fazer amizades, então a mulher que morava em frente a casa dela, passou uma semana ela já estava conversando ia na casa da mulher, então até eles notavam que a gente passava muita vezes falta das coisas né, porque a gente não ligava para comprar muita roupa essas coisas, e os filhos dela tinham um poder melhor, ela dava roupa para a gente, então é aquele gesto de carinho que nós vemos nas pessoas. Entendeu, então foram muito receptivos o povo de São Paulo, essas pessoas nós temos amizade com elas até hoje, quer dizer, de 1975 até hoje um gesto de carinho que a amizade prevalece sempre, a minha mãe quando vem aqui, aliás faz tempo que não vem, mas sempre quando vinha ia nestas casas para retribuir o carinho que todas elas tiveram com a gente quando chegamos.
Pergunta:
Sua mãe voltou para Minas ?
Resposta:
Voltou. Ela mora em Minas.
Pergunta:
E a escola? Como foi o início da vida escolar?
Resposta:
O início da vida escolar foi difícil, adaptação. A adaptação foi difícil porque o ensino era diferente na época. A gente veio para o primeiro ano e eu cheguei uma vez na escola e a gente pegou e entrou na sala né, e minha mãe me deixou na sala e depois na hora da saída eu comecei a chorar e falei assim: "Para onde eu vou?!" [risos] a gente parecia um bicho do mato né. Chegar para outra escola, num lugar diferente, com tradições diferentes, culturas diferentes, então aquilo foi uma novidade para nós que a gente tinha (...) né, pequenos. E a gente se assustou, porque as escolas aqui eram diferentes, as escolas que tinham lá eram escolas eram bem mais humildes aqui o ensino estava num patamar um pouco melhor na época. Então a gente teve uma certa dificuldade no começo de adaptação, mas pouco depois, cinco seis meses depois já estava se adaptando a gente transcorreu normal.
Pergunta:
Você saiu depois da casa do seu tio para uma outra casa não é ? Ali em Mauá?
Resposta:
Isso, também em Mauá.
Pergunta:
E o colégio? Se manteve no mesmo colégio?
Resposta:
No mesmo lugar, lá ficava pertinho o colégio, de onde nós morávamos.
Pergunta:
Você lembra o nome dessa escola ?
Resposta:
Odila Bento Mirarchi.
Pergunta:
E você estudou no Odila Bento até ...?
Resposta:
Até a sexta série, até a sexta sério porque 1980 foi uma época muito difícil, foi uma época que São Paulo teve um grande desemprego, então as indústrias estavam mandando muita gente embora porque era uma época de transição, tiveram desempregos e muitas empresas fecharam. Fecharam as portas então meus irmãos ficaram desempregados, em 1980 foi a época que a gente (...) que só um irmão meu estava trabalhando, imagina uma família com oito irmãos só um trabalhando para cuidar de todo mundo entendeu, a gente não tinha como manter. Aí então meu pai tentou falar assim "Nós vamos embora para Minas de novo" e a gente acabou indo por causa dessa recessão que teve de 1980, aí voltei para Minas, voltou toda nossa família para Minas de novo. Moramos lá (...) meu pai construiu uma casa [15'] na mudança o que aconteceu: meu pai tinha comprado uma casa mas chegando na casa assim eu falei: "Pai, mas não tem condição de morarmos aqui", a casa era muito ruim, então a gente... acabou meu pai comprando um terreno nesse vilarejo que eu saí de quando eu era criança, comprou um terreno e construiu uma casa melhor para a gente morar. Fiquei lá até 1983 (...) 84 se eu não me engano.
Pergunta:
Você conseguiu se readaptar ao local ?
Resposta:
Sim ! Porque a gente já era acostumado, mesmo que a gente (...) eu tinha o que uns 15 anos, é isso? (...) Não, 15 anos não né?! 1980 (...) uns 12 anos né, 12, 13 anos. Não mas não tivemos dificuldade de readaptação, na escola a gente conseguiu levar normal, construímos muitas amizades de novo, fizemos muitas amizades... em escolas...
Pergunta:
E o que levou ao retorno da família novamente para São Paulo ?
Resposta:
Porque eu tive que continuar meus estudos. Porque nesse vilarejo tinha até a oitava série e se eu fosse continuar a estudar eu tinha que ir para Ubá, que era a cidade maior, que tinha o colégio. E eu cheguei a morar um ano em Ubá, nessa época meus irmãos já tinham se reestruturado novamente, conseguido um emprego. ______: "Vou mandar você para São Paulo e você vai continuar os estudos lá." E aí eu continuei, fiz meu segundo e terceiro ano no Viscondão.
Pergunta:
Em Mauá ?
Resposta:
Em Mauá também.
Pergunta:
Você voltou para Mauá e passou a morar com seus irmãos?
Resposta:
Exato.
Pergunta:
Perfeito. Seu pai e sua mãe permaneceram em Minas ?
Resposta:
Exato.
Pergunta:
Perfeito.
Equipe técnica:
Um minutinho só professor. Só para arrumar o microfone [interrupção técnica para arrumar o microfone]
Pergunta:
Está ok, está gravando né ? Certo, então você retorna a São Paulo para terminar o ensino médio, e você retorna ao mercado de trabalho ? Esse período você está trabalhando (...) não está, como foi sua vida profissional ?
Resposta:
Não, nessa época meus irmãos falaram assim: "Não, você só vai se dedicar aos estudos" entendeu... "Você só vai se dedicar a terminar o colégio e em troca você ajuda na manutenção da casa, fazer comida" Por isso que hoje, modéstia parte, eu sei fazer tudo em casa [risos] porque nós nos habituamos a isso, nós nos acostumamos a isso. Então quando eu terminei o colégio eu arrumei um emprego numa firma em Mauá também, Alcaz que fazia (...) ela consertava tanques de combustível de Volvo (...) dos carros que existiam na época. Eu testava os tanques, e depois do teste (...) o que se fazia neste teste: você enchia ele de ar, mergulhava na água e via onde que era o buraco e de lá eu levada para os estanhadores. Eu fazia estes testes. Pouco tempo depois eu já fui para a área de estanhador.
Pergunta:
E como que era o trabalho nessa nova área?
Resposta:
É então o estanhador você, (...) como eu falei, você localizava onde estavam os vazamentos e você tinha que passar estanho para tapar esses buracos, e aí tapando os buracos o tanque voltava para teste para ver se ele continua vazando, ele não vazando ele ia para pintura e para a produção.
Pergunta:
E você ficou nessa empresa quanto tempo?
Resposta:
Eu fiquei um ano e quatro meses.
Pergunta:
Um ano e quatro meses e aí você já não estava estudando mais, não é ?
Resposta:
Não, já tinha terminado o colégio.
Pergunta:
E como que acontece essa evolução na sua vida profissional a partir de então ?
Resposta:
Então, aí chegou um dia, eu tinha uma amizade com o Joseli, ele trabalhava no IMES na época, antigamente era o Instituto Municipal de Ensino Superior de São Caetano do Sul. O Joseli falou assim: "Tá precisando de uma vaga aqui para trabalhar na secretaria"; (...) "Ah" falei assim: "Mas Joseli, eu estou tão bem agora. Acabei de ser promovido" Porque imagina, um garoto jovem [20'], tinha acabado de ingressar no trabalho, tinha acabado de receber uma promoção. Ele falou assim: "Mas, vem aqui! Vem aqui para você conhecer o que é o IMES!". Ah, tudo bem. Aí era a tarde, naquela época ele trabalhava à noite, da uma até às 11 horas da noite. Então eu saí da empresa, cinco e meia, e fui conhecer o IMES. Cheguei no IMES: "Nossa isso que é o IMES?" [olhando para os lados] "Nesse tamanho todo?" Que na época já era um instituto, uma faculdade de nome. Entrei, fui muito bem recepcionado pela Leila e pela Maria Emília, aquelas que eram responsáveis pela secretaria técnica na época, o Joseli me recepcionou aí fui apresentado. Fiz um teste, na época, de máquina de escrever! Não tinha computador né, assim ________________ a gente fazia tudo na máquina de escrever. Aí a Maria Emília chegou (...) batendo um papo, ela me conheceu querendo saber da minha vida. Enfim, eu voltei e a Leila falou assim: "Você me aguarda que vai surgir uma vaga! E qualquer coisa a gente dá uma ligadinha." Eu não fiquei esperançoso, porque... não sei qual a...Não sei se elas tinham realmente gostado do meu teste, eu não sei, falei assim "Eu vou voltar para a empresa vou começar a trabalhar" e aí passou uma semana, eu acho que nem isso e a Maria Emília me ligou: "Olha, surgiu a vaga aqui. Para você se desligar da empresa aí, quando você pode se desligar?" E eu falei assim: "Agora" porque eu tinha gostado do IMES, do ambiente, ambiente gostoso de trabalhar, e falei assim: "Agora, estou saindo agora" da mesma forma que eu estava vestido, de macacão tudo, tirei o macacão e cheguei para o meu chefe: "Escuta, eu estou pedindo a conta, estou indo embora" e ele começou: "Mas eu acabei de te promover"; "Não mas eu acho que vai ser melhor para mim, para minha vida profissional. Eu preciso sair." Então tudo _____ correu no outro dia, eu já estava trabalhando na USCS. Eu saí da empresa num dia e no outro já comecei a trabalhar e estamos aí até hoje.
Pergunta:
Que dia foi esse que você começou a trabalhar na Universidade?
Resposta:
Bom, 23 de março de 1988, eu gravei essa data!
Pergunta:
Francisco, fala um pouco de como era USCS em março de 88?
Resposta:
A USCS (...) a USCS era muito família, acho que todos os funcionários eles eram muito família, os diretores, o professor Moacir ele chegava cumprimentava todo mundo sempre com aquele sorriso né (...) chegava e cumprimentava todos os funcionários, então (...) a Leila a Maria Emília sempre são pessoas de muita alegria que tinham de trabalhar, elas trabalhavam porque gostavam realmente do IMES, então elas faziam aquilo com dedicação. E eu cheguei naquele ambiente e eu achei gostoso aquele ambiente e falei assim: "Nossa é um crescimento profissional para mim, porque isso aqui, quem sabe eu possa crescer me tornar (...)", e aí cheguei naquele ambiente gostoso, comecei a conhecer (...) a ter uma experiência profissional, conhecer a parte acadêmica, notas e alunos, conhecer os professores, muitos professores que eu conheci na época hoje não estão mais com a gente, mas enfim, eu via que aquilo realmente era o que eu queria, naquele exato momento.
Pergunta:
Como era a sua rotina, o dia a dia de trabalho aqui na USCS, nesse primeiro momento?
Resposta:
Eu e o Joseli, nós trabalhávamos aos sábados, com atendimento aos professores. Nós entregávamos a lista de presença para os professores, íamos nas salas para ver se os professores necessitavam de alguma coisa, recepcionava, anotava que horário o professor chegou (...) [20'] Quando a gente chegava nas salas: "Ah, o professor faltou" os alunos falavam: "Beleza, vamos embora mais cedo hoje!" [risos] "Gente vocês estão dispensados que o professor avisou que não vem hoje, deu um problema. E ele não está vindo hoje" os alunos ficavam (...). Eu me recordo dessas coisas porque os alunos também nos tratavam com educação, eles nos respeitavam (...) brincavam com a gente, a gente brincava com os alunos. Enfim era um período muito bonito que eu vivi na minha vida.
Pergunta:
Você entrou então trabalhando no que hoje é a secretaria técnica?
Resposta:
É, porque antes a secretaria técnica ela fazia... hoje é dividido né, hoje tem o atendimento, a parte financeira, tem a secretaria técnica, tem a área de diplomas e antes a secretaria técnica, o atendimento a área de diplomas era tudo num só a única coisa que era separado era a parte contábil, parte financeira que era a contabilidade e a financeira todos funcionavam juntos, tanto faz da área administrativa como da área acadêmica, era tudo junto.
Pergunta:
Fisicamente, onde vocês ficavam, como eram os departamentos da Universidade fisicamente?
Resposta:
No pátio, que hoje funcionam os laboratórios embaixo, antes tinham duas escadas. Nestas duas escadas uma escada que dava acesso a secretaria técnica e a outra escada que tinha a parte da recepção que dava acesso a diretoria na época, a sala dos professores, aos departamentos, aos chefes de departamentos administrativos na época. Tinha copa, então toda a parte acadêmica e administrativa, departamento pessoal, ficava lá embaixo no subsolo onde hoje funcionam os laboratórios.
Pergunta:
Eu queria que você falasse um pouquinho de como a USCS foi evoluindo e traçando um paralelo com a sua evolução dentro da Universidade, né, as áreas que você passou a atuar na medida em que a Universidade ia crescendo, dá para fazer esse paralelo?
Resposta:
Quando a faculdade começou a crescer eu também comecei a crescer. Porque a gente trabalhava na secretaria eu o Joseli. Joseli ia prestar vestibular no Senador Fláquer na época, e ele chegou para mim e falou assim: "Vamos prestar o vestibular comigo? Vamos lá eu também vou prestar (...)" E eu fiquei (...) falo assim: "Mais uma novidade né" porque a gente não conhecia o ambiente de faculdade e falei: "Mas vou prestar (...)?" Eu prestei o vestibular para a Universidade e passamos ! Na Senador Fláquer. Passamos no vestibular e falei: "E agora?!Como é que nós vamos pagar a faculdade ?!" Porque como eu era novo no IMES meu salário na época (....) a faculdade era super caro, para mim era super caro porque o meu salário de adiantamento era para pagar a faculdade e eu tinha os meus afazeres porque eu tinha que pagar aluguel, tinha minhas despesas, falei assim "Como é que vou pagar? Não vai dar para eu fazer a faculdade? " Então eu fui conversar com a Leila, eu e o Joseli fomos conversar com a Leila: "Então Leila passamos no vestibular do Senador"; "Olha mas que legal! Parabéns!"; "É então... então, só que é complicado por que como é que a gente faz? Porque nós não vamos ter condição de pagar a faculdade... porque eu tenho meus afazeres (...)"; "Não pode deixar que eu vou arrumar um jeito" Então a Leila foi e conversou com o professor Moacir, com o professor Silvio na época e um dia ela chegou com a gente e conversou: "O IMES vai fazer a portaria para pagar a faculdade para vocês. 100% a faculdade!" Aí eu falei: "legal, né? Será que vai dar tudo certo ?!" Porque faltava pouco tempo para a gente pagar a matrícula, tinha que pagar a matrícula se não você perde a vaga, como é hoje né! Passava (...) passava e tinha um mês para fazer e depois 20 dias e a portaria não saía, fomos conversar com a Leila: "Não, eu vou conversar com o professor Moacir!" [30'] e aí um dia eu falei assim: "Agora é a hora!" e a gente se emocionava porque meu, agora que chegou a oportunidade tem que sair essa portaria não é?! E aí um dia eu falei assim: "Amanhã é o último dia de pagar " E quando foi à noite a Leila chamou a gente: "Aqui está, toma o cheque seu, e o cheque seu" [faz um gesto de entrega] Ela fazendo a portaria, ela pagando a faculdade [choro][gesto para aguardar]. Então, eu devo muito isso a Leila, acho que foi uma coisa muito emocionante, e aos diretores lógico né. O que o professor Moacir (...), o professor (...) a gente tinha mais contato com o professor Moacir, o professor Silvio tinha os afazeres dele, mas o professor Moacir sempre estava mais presente com a gente na época, e ele sempre foi muito humano então ele chegou e: "Parabéns à vocês, por vocês terem passado no vestibular, e o IMES vai arcar com todos os custos que vocês tiverem da mensalidade, para vocês 100%" e aquilo nos emocionou muito, foi um marco na história. Nós fomos os primeiros alunos a estudar com a bolsa com portaria que o professor Silvio e o professor Moacir nos deram, então foi um marco muito grande uma coisa muito emocionante para nós.
Pergunta:
E qual foi o curso ?
Resposta:
Administração de empresas.
Pergunta:
E não tinha esse curso no IMES na época?
Resposta:
Tinha. Então, (...) porque eles pagavam...é assim a portaria tinha a seguinte designação: um ano nós pagamos a Universidade para você, depois você tinha que passar e se transferir para a Universidade, para o IMES na época, para continuar os seus estudos. Então nesse um ano você poderia trabalhar na secretaria técnica, depois de um ano você tinha que ser transferido da secretaria técnica porque você não poderia mais ter contato com os alunos. Entendeu?
Pergunta:
Você não poderia ter feito vestibular no IMES porque você trabalhava em um setor estratégico em termos do aluno?
Resposta:
É! Talvez se a gente tivesse prestado o vestibular para o IMES, tivesse passado na época, talvez a história fosse diferente não é?! Mas nem por causa disso a história deixou de ser bonita.
Pergunta:
De forma nenhuma! De forma nenhuma.
Resposta:
Com certeza! Porque a gente passou e vimos que o pessoal queria o nosso progresso também. Isso foi importante.
Pergunta:
E depois você veio para o IMES como aluno?
Resposta:
Aí eu vim para o IMES como aluno.
Pergunta:
E como foi essa experiência digamos do outro lado. Você estava do lado de cá da secretaria técnica, como foi a vivência na USCS como aluno?
Resposta:
Então, essa vivência também me trouxe um outro dado importante, porque aí eu tinha que mudar de setor, tive que ir para a área de contas a pagar. Porque eu não poderia mais ter a convivência, continuar trabalhando na área acadêmica, ter acesso às informações da área acadêmicas sendo aluno, as notas, as provas, porque nós quando trabalhávamos na secretaria técnica, revisão de prova, a gente tinha acesso a todas as provas dos professores, a gente colocava em ordem então a gente não podia ter mais acesso e fui trabalhar em contas a pagar, aprendi muita coisa em contas a pagar, receber, fazia cheques, na época era tudo (...) quando a gente fazia cheque era tudo na máquina de escrever, naquela época os fornecedores nós pegávamos era através de cheque, tinham dias que era o dia inteiro fazendo cheque, datilografando cheques, espelho de cheque para os fornecedores virem receber. E aí pouco tempo depois fui transferido para área de compras, mais uma versão da minha vida né. Prestei um concurso para auxiliar de compras, e passei (...) para auxiliar de compras e fui adquirindo conhecimento, comecei a ter acesso, fazer cotações, aprender a montar editais, a ter acesso a tudo ao que o IMES compra que tinha de ser passado pela área de compras [35'], todas as informações vinham para a gente para a gente adquirir os produtos. Então eu tenho muito orgulho de ter feito parte disso tudo, tudo o que vocês estão vendo, tudo o que você está vendo hoje, eu participei, participei de toda essa parte de uma forma ou de outra. Estava lá, de repente, para montar o edital, para adquirir, receber as propostas fazer parte da comissão de licitações, então isso é orgulho para mim com certeza.
Pergunta:
Dentro dessa sua experiência na área de compras você falou: "Poxa, eu fiz parte desse crescimento da USCS" A Universidade estava crescendo nesse período, quais pontos você destacaria, quer dizer, dessa evolução que você viu a USCS experimentar, que pontos você destacaria?
Resposta:
Olha, eu destacaria assim, a construção... porque quando a gente tava... quando eu vim para a USCS em contas a pagar, pouco tempo depois foi a construção do prédio onde hoje está o ANEXO A, aquele prédio enorme né. E estávamos notando que a USCS estava crescendo a patamares (...) estrutura (...) e já vinha estruturalmente (...) sabe, computadores (...) tudo isso.
A gente foi mudando de prédios para ir adequando cada um em sua área, foi juntando as áreas administrativas, foi separando hoje área técnica, subdividindo atendimento, então tudo isso foi marco né. E quando a gente vê a estrutura que a Universidade tem hoje, no qual a Universidade sempre pregou para comprar os melhores equipamentos para os alunos, a gente sempre teve esta preocupação, e os gestores, os cursos sempre tinham essa preocupação. Os gestores que passaram, os diretores que passaram, sempre procurava comprar o que era de melhor para os alunos, para ter realmente uma estrutura que o aluno entre e se forme e tenha uma estimativa de chegar lá fora e conseguir realmente dar seu melhor e ser um bom profissional, hoje a área de Comunicação Social nós temos equipamentos que tem na Rede Globo, quer dizer, a gente sempre pregou isso! Então os gestores sempre pregaram isso, comprar sempre o melhor! Sempre o que há de mais avançado em matéria de tecnologia, e é muito difícil quando você trabalha em órgão público fazer isso, porque eu não sou empresa privada, então a gente tinha que especificar muito bem, os equipamentos e os projetos tinham que estar muito bem feitos para podermos dar sempre o melhor para o nosso alunado.
Pergunta:
Falando em alunado de novo eu queria retomar a sua vida acadêmica, se lembra de alguma aula específica, algum momento vivido em sala de aula na USCS também que seria bacana a gente deixar para a memória?
Resposta:
Ah, sim. Você estava falando em aula, eu sempre acho (...) sempre frisei muito que o IMES tem excelentes professores, desde a minha época eu tenho (...) sempre na área de administração, o curso de administração sempre foi um curso muito conceituado na USCS, hoje USCS. Tinham excelentes professores, então eu aprendi muito com isso e através desse estudo, desse aprendizado que eu tive com os professores eu tentei, um pouco, trazer isso para a minha vida profissional. Muitas vezes _______ estratégica, logística que é uma coisa mais atual, mas esse aprendizado que nós temos na área acadêmica tendo os professores que querem realmente passar o de melhor que eles têm para o aluno, então isso nos ajuda muito.
Pergunta:
Estávamos falando da sua vida e falamos que você voltou e estava ficando com seus irmãos e com dificuldade para pagar a faculdade quando você conseguiu a bolsa na USCS, como isso decorreu essa sua trajetória até aqui, como isso evoluiu? [40']
Resposta:
É, veja bem, a gente pagando a Universidade seria um crescimento porque na minha família, assim profissionalmente, eles não tiveram, muitos não tiveram condições de frequentar uma faculdade (...) então nós, na minha família, a gente era pioneiro, porque naquela época ter o nível superior era um grande crescimento profissional. Então eu fui sempre ajudado pelos meus irmãos nesse sentido, entendeu... minha mãe, a gente chegava e tinha dias que eu já estava trabalhando no IMES na época, USCS né, a gente fala IMES, USCS para mim a USCS sempre vai ser o IMES e o IMES,USCS. Então a gente chegava estudava, estudava... tinha dias que eu passava noites em claro estudando (...) era muito... desgastante... muito desgastante. Minha mãe todo dia eu chegava meia noite, e aquele pratinho de comida estava lá esperando por nós. Então era, sempre dando força para a gente ali, tínhamos dificuldade de ter aula aqui, a mesma coisa que os alunos hoje reclamam, a gente também reclamava de um professor né, mas a gente sabia que aquilo era o melhor para nós, então foi uma época muito de batalha mesmo para a gente conseguir se formar. Tive uma nota, que eu falei assim: "Gente eu não entendo, eu faço essa prova todinha. Porque eu tirei nota baixa nessa prova?" Chegava para conversar com o professor: "Professor eu não entendo, como o senhor me dá essa nota? Me dá três e meio?! Eu fiz essa prova todinha." falei assim: "Então você presta atenção no cálculo que você está fazendo. Quando você está numa linha de produção muitas coisas você tem que arredondar para mais, muitas coisas você tem que arredondar para menos, depende de você." Peguei aquilo e falei assim: "Nossa, eu tenho que prestar mais atenção" de repente em detalhes você deixa (...) E eu fui, enfim, fui prezando, e estudei, tinha épocas que eu ficava até quatro horas. Chegava meia noite, e teve uma prova que eu fiquei até quatro horas da manhã estudando, foi o tempo de cochilar, dormir uma hora , duas horas, levantar porque eu tinha que trabalhar na USCS né, eu trabalhava na USCS, entrava oito e trinta e seis e saía às 18 e de lá já ficava para a faculdade e saía meia noite (...) 11 horas, pegava o último ônibus, era uma época desgastante. Graças a Deus tudo correu bem e eu consegui passar em todos.
Equipe técnica:
Espera só um pouquinho [interrupção técnica para arrumar o som] [45']
Pergunta:
Então vamos lá, só para repetir a pergunta, queria que você me falasse exatamente, em qual momento que caiu a ficha que você falou: "poxa, eu com tanta luta e tal, eu consegui, eu tenho um diploma do ensino superior"?
Resposta:
Bom a gente ficava sempre na expectativa, fazia uma prova, e aí chegava a nota, passei. E aí ia na outra e falei assim (...). Sempre tem aquelas matérias que você sabia que você tinha já (...) falo assim: "essa aqui eu fui bem, eu não me preocupo!", mas tem aquelas que você fica com o coração na mão falei assim: "Gente, é a última" (...) é como se fosse, eu tenho que, essa aqui (...) essa aqui é o bam bam bam do bam bam bam! Então é aquela matéria que te pegou o ano inteiro, aquela matéria que te deu aflição o ano inteiro, falei assim: "É essa daqui". Eu chegava e aquela expectativa, professor passava perto da gente: "E aí, tudo bem?"; "Tudo bem professor e a nota?"; "Amanhã", ai! (...) também era mais um dia: "Ah professor, e a nota?"; "Amanhã, amanhã eu entrego a nota de todo mundo" meu, e o coração a mil né, porque era a nota que faltava para todos os alunos, então professor era cercado no pátio! E ele sempre tratava os alunos com muito respeito, muita educação.
Pergunta:
E quem era o professor?
Resposta:
Era o professor Duwillian, professor Duwillian era o cara digamos assim, era uma pessoa, um profissional, um professor que (...) para mim marcou muito, o professor Duwillian, professor Turíbio, sempre eu aprendi muito com o professor Turíbio também, mas eu não tinha dificuldade nas provas do professor Turíbio, porque pela didática que ele tinha dentro da sala de aula a gente assimilava muito bem a matéria dele. Mas o professor Turíbio mesmo que ele tivesse aquela didática ______, mas a matéria dele era uma matéria muito difícil. Para mim era considerado muito difícil porque eu não participava de uma linha de produção! Quem participa de uma linha de produção tem de repente, uma facilidade maior em digerir, assimilar aquilo que ele explicava..
Pergunta:
Produção era a matéria do professor Duwillian?
Resposta:
Exato, administração da produção. Era a última matéria, a última prova. Pior que eu precisava de uma nota super alta para a matéria dele. Mas eu estudei ! (...) estudei (...) para aquela matéria eu estudei, me apeguei e estudava, eu estudei muito! Como eu disse, eu chegava em casa à meia noite e ficava _________, eu estudei três quatro dias seguidos assim! Mas pegava e estudava, estudava, estudava. Chegava em casa meia noite e ficava em casa até as três ou quatro horas da manhã estudando. Refazia os exercícios, pegava o que ele escrevia e o que falava na sala de aula para ver o que aquilo se apegava naquele exercício específico, enfim, aí quando ele soltou a nota, ele entrou na sala soltou a nota... eu fechei os olhos e falei assim: "Seja o que Deus quiser!" Quando eu olhei assim, sete e meio! Sete e meio?! Eu falei assim: "Acabou!" foi daquele dia para a frente que eu falei assim: "Eu tenho nível superior, eu me formei em Administração de empresas!".
Pergunta:
Que legal! Francisco me fala um pouquinho como é sua rotina hoje na USCS ?
Resposta:
Bom, hoje eu trabalho, como eu trabalho na área de licitações, na área de compras adquiri um grande conhecimento desde a 15, 20 anos atrás. A lei surgiu, de licitações, 21 do seis 1993, e a lei de licitações foi uma coisa nova que tinha [50'], que no congresso tinha que ser aprovado e os órgãos públicos tinham que assimilar essa lei e fazer tudo de acordo com a legislação né, e nós fizemos diversos cursos para saber, como que a gente tinha que adquirir como é que era essa experiência, como é que a gente agora ia trabalhar, então a gente tinha que se reestruturar, reaprender a trabalhar com a área de licitações. Então nós tivemos diversos cursos, e eu e os meus colaboradores desde a época ____. Cada momento era um aprendizado, cada curso que a gente fazia era um aprendizado que a gente tinha, coisas novas, então os lugares onde faziam os treinamentos, os simpósios, sempre tinha uma coisa nova, sempre tinha uma coisa que a gente estava aprendendo e de lá para cá foram a gente (...) certos projetos que a gente achava que tinha que melhorar a gente conversava com o gestor: "Não, tem que melhorar aqui professor, porque esse aqui não pode ser assim". Então toda essa área me deu um grande conhecimento dentro da área de licitações, então hoje eu monto os processos licitatórios, julgo recursos muitas vezes, muitas vezes você adquire tanta experiência que um recurso você fala assim: "Meu, pode falar o que for, mas a gente já tem tanta experiência que a gente já tinha a resposta do recurso!" Né, porque tem aquela área, aquela parte que os licitantes fazem recursos então você tem que ter a cabeça fresca para responder de acordo, para não contraria a lei de licitações porque sempre tem que se trabalhar dentro da legislação. Então isso é muito difícil hoje quando a gente fala em órgão público, hoje nós não somos uma empresa privada. Uma empresa privada vai lá compra os equipamentos que ele quer, negocia e pronto. Hoje órgão público é diferente a gente tem de especificar o equipamento que a gente quer da melhor forma possível para adquirir um produto de excelente qualidade para ter realmente a estrutura que a USCS hoje está fazendo. Então isso que (...) essa experiência de vida eu tento passar para quem está entrando hoje no meu setor, para explicar para eles que é assim que nós trabalhamos, que assim devem ser feitas as coisas para a gente continuar atendendo a nossa parte acadêmica, a nossa parte...os professores os gestores, entendeu.
Pergunta
Francisco, quais são as principais diferenças daquele IMES que você encontrou naquele dia que você veio fazer aquela sua entrevista, que você deixou o macacão lá de lado e veio fazer a entrevista, para a atual universidade?
Resposta:
Bom o IMES na época era, digamos assim, tinham muito poucos funcionários na época, naquela época a gente tinha parece que 74 funcionários e 150 professores, hoje nós temos o que 600, 700 funcionários juntando tudo? Por aí né, então era uma estrutura bem enxugada.
Então a gente tinha as nossas festas de fim de ano, era dentro dentro da sala dos professores com o professor Moacir, com os meus colegas de trabalho. Mas como tudo que se cresce, o IMES também foi passando gradativamente ao longo dos anos por um processo de reestruturação, então tem mais funcionários, foram abrindo mais áreas, foram subdividindo certas áreas, então (...) ele estava se reestruturando construiu novos prédio, o campo centro que vem em contrapartida... a gente adquiriu novos equipamentos para a área de saúde a estrutura do campus Centro, deste campus no caso, é uma estrutura astronômica entendeu, e os equipamentos a gente sempre procurou comprar aquilo que era de melhor. Então eu participei de uma licitação (...),a primeira compra que o IMES fez [55'] de equipamentos porque os cursos de saúde os cursos na área de de farmácia de enfermagem tinham acabado de entrar e aí : "Vamos comprar os equipamentos!" então foi uma união de interesses dos gestores para comprar sempre o que de melhor vinha. Tinha uma licitação que tinha (...) vai 200 equipamentos (...) o professor tinha que chegar, especificar, conferir, ver se a proposta estava de acordo para montar a estrutura e instalar tudo aqui para ter toda essa magnitude, toda essa estrutura, então eu participei de tudo isso, é uma grande honra para nós, participar de tudo isso.
Pergunta:
O que a universidade, o que a USCS representa na sua vida?
Resposta:
Ah a USCS? Representa o início o meio e o fim porque da USCS eu entrei, hoje eu tenho uma, digamos assim, uma história de vida, foi através da USCS que eu pude financiar o meu apartamento, foi através da USCS que eu comprei meu primeiro carro um chevetinho, 1980 que eu suei tanto para comprar naquela época eu não sabia dirigir. Tinha acabado de tirar minha carta e quando eu falei assim: "Nossa eu comprei meu carro!" E aí olhava assim (...) batia na traseira de um.... batia na traseira... mas eu tirei né! Então foi a USCS! Conheci grandes pessoas, eu tive um aprendizado muito grande, conheci grandes amigos, tenho grandes amigos, muitos amigos se foram [emocionado][pausa longa]. Mas enfim fica a história (...) fica a história de vida, a história que sempre vai estar junto com a gente.
Pergunta:
Francisco já agradecendo a participação jajá está chegando no final deste bate papo, mas eu queria antes perguntar para você novamente se tem algum fato (...) alguma lembrança, alguma curiosidade de toda essa trajetória sua com a USCS que você consideraria legal deixar aqui, deixar para a memória, que você acha que é importante que as atuais pessoas que estão a USCS e quem seja, como funcionário, como professor, como aluno, como membro da comunidade vir a esta Universidade no futuro que seja importante que as pessoas saibam.
Resposta:
Olha como eu tenho 28 anos de IMES, tem grandes histórias que me marcaram. Uma foi ter o prazer de estudar nesta Universidade, fazer administração aqui, através de uma portaria que eu fui, citando mais uma vez, fui acho que um dos primeiros alunos a estudar numa outra universidade tendo uma portaria que foi elaborada e feita pelos diretores da época, isso marcou muito a minha vida! E o outro são os profissionais que a gente trabalha, profissionais que eu falo que alguns se foram mas sempre vai ter a lembrança, igual a Raquelzinha, a Kekel que muita gente chamava ela de Kel, então aqui é praticamente a nossa casa. A gente teve muito mais convivência aqui do que muitas vezes coisas emocionais que nós tivemos aqui e não tivemos fora, nem com a nossa família. Então são relatos que tem que permanecer, tem que deixar isso na memória. Grandes profissionais! grandes professores, que também me ajudaram! Porque eu não teria feito o curso de administração, sabe, ter esse aprendizado, se não fosse os grandes profissionais que a USCS tem, eu aprendi muito com os meus superiores, com meus diretores, e aprendi muito nos meus setores, então a gente sempre tenta passar isso para as pessoas que entram na Universidade. Trabalhando em... áreas... [60'] a gente sempre tem que ter aquela coisa de entrou na Universidade vamos, sabe, ter o mesmo ideal que é transformar essa USCS nessa grande estrutura, que é transformar a USCS para ela ser cada vez melhor, é isso que eu prezo. Então certas coisas que marcaram a minha vida foi a minha formação em nível Universitário em linha de administração que eu contei com o apoio dos diretores na época, então essas coisas me marcaram, e porque não da Maria Emília da Leila que são pessoas também que me marcaram muito, que eu também contei com a força de trabalho delas, com a dedicação delas, com o carisma que elas tinham para todos os seus funcionários.
Pergunta :
Bom Francisco só posso agradecer imensamente você ter participado com a gente, muito obrigado e parabéns por toda essa trajetória viu!
Resposta:
É uma hora mais uma vez, como eu disse para você quando eu fui chamado, que é uma honra mais uma vez poder compartilhar minha experiência de vida, a minha experiência profissional com vocês. Muito Obrigado.